Oi pessoal!
Depois de ver alguns filmes indianos (alguns muito, muito
bons outros bem fraquinhos), resolvi fazer a crítica do único que é obrigatório
pra todo mundo. Sei que alguns que frequentam meu bloguinho não terão paciência
para ver as danças coreografadas, as declarações de amor em meio às lágrimas e
toda a breguice apaixonante do gênero. Sendo assim, convido a todos a ver um
filme que não tem nada disso, que é muito bem feito e está repleto de coisas
que amamos ler nos nossos mangás de esporte (ou não) favoritos: amizade,
determinação e espírito de equipe. Isso tudo e mais é Chak De! India.
Sinopse do filme no estilo Tabby-chan:
“Kabir Khan (interpretado por Shahrukh Khan, que está em seu
melhor visual nesse filme, conseguindo até ficar super-pegável) defendeu as
cores da Índia no time nacional de hockey na grama, mas acabaram levando ferro
na final contra o Paquistão (aí sacaneou, né?). Flagrado num momento fair play
com outro jogador, Kabir foi acusado de vender o jogo e tratado como traidor
(crueldade, você pensou, mas o que o nome Felipe Melo ainda te causa?). Sete
anos depois Kabir volta à cena do hockey, mas como o treinador do absolutamente
desacreditado time nacional feminino. A partir daí, as 2h e 40 min do filme
passam voando...”
Eu sempre gostei de filme de esporte (e mangás também). Nem sei
quantas vezes já assisti Coach Carter, que mistura dois gêneros que adoro:
esporte e professor. Mas a maioria deles é com homens. De cabeça me lembro de “Driblando
o destino”, alguns com cheerleaders e patinação no gelo (se alguém lembrar mais
alguns, me avise). Mas esses que me lembrei costumam focar em situações alheias
ao esporte, o relacionamento familiar, entre namorados, disputas de egos e em
muitos deles as cenas da competição ficam em segundo plano. Em Chak De! Índia o
foco é, como já diz no pôster, vencer. O filme se divide entre os treinos, a
competição e tudo que os levou até ali. É claro que os conflitos de cada um
acabam aparecendo, mas a questão principal, o jogo, as dificuldades, se sobressaem.
As melhores jogadoras da India
Chak De! Índia (que significa Vai! Índia) é um filme para todos, mas especialmente as
meninas vão se identificar. Você que viu a novela Caminho das Índias sabe o
quanto a cultura daquele país é machista. As boas moças indianas tem que ficar
em casa, não há espaço para elas nos esportes. Isso é dito com todas as letras
durante o filme. Ninguém acreditava nas atletas, nem mesmo seus familiares e
namorados. Acompanhamos a verdadeira luta para a simples existência do time. Em
uma cena em particular, as garotas são obrigadas a jogar contra um time
masculino e a preleção do técnico antes dessa disputa (tratada como uma forma
de humilhar ainda mais as moças) faz inflar dentro de nós mulheres aquela
vontade de pegar também em um bastão e sair por aí exigindo nosso espaço! XD
"Presta atenção, gente: cada uma vai tentar achar legenda para Don 2, ok?"
Algo que fica muito claro no filme foram as diferenças que
existem em cada região da Índia. Nós aqui no Brasil não sabemos o que é olhar
alguém e imediatamente saber de onde essa pessoa veio. Somos todos muito
parecidos em nossa miscigenação e mesmo com pequenas rusgas entre nativos de
algum estado, quando chega a Copa, somos todos brasileiros. Lá não é bem assim.
Existem diferenças inclusive físicas entre as pessoas e foi complicado para o
técnico Kabir fazer aquele grupo ir além dessas divergências e se unir como um
único time. Mas a cena que marca essa união forjada no suor, na luta e debaixo
do calor de rachar é ótima.
Técnico Kabir sabe ser grosso mostrando o muque
Caso você esteja pensando que o filme é mais do Kabir do que
das atletas, está enganado. Toda história do técnico, do céu ao inferno, se
entrelaça com as histórias das jovens, todos ali tentando provar que são mais
do que o mundo disse que eram. Algumas jogadoras se destacam como a troglodita
Balbir (que mostra a violentíssima Argentina quem tem o pau na mão), a
espevitada Komal, a talentosa Preeti (que tem o pior namorado do mundo) e a
mais encrenqueira de todas, Bindia. O técnico Kabir é a cola que une todo o
time, que ama seu país e acredita nas garotas, sempre exigindo o melhor delas. A
história dele é muito triste, me fez pensar em quantas vezes já crucifiquei
jogadores e técnicos, sem pensar que eles também têm família, vida e que às
vezes dar tudo de si ao seu país não é o suficiente.
Tá, admito: dava uns pegas no Shahrukh!
Já vi alguns filmes com o Shahrukh Khan e acredito que esse
seja um dos seus melhores papéis. Ele não canta nem dança (coisa que ele faz
muito bem, diga-se), mas está muito verdadeiro como o sujeito que perde tudo e
se agarra num time mambembe e desacreditado para continuar vivendo. Mas quem
for ver o filme, fique sabendo que SRK (é muita intimidade com os astros de
Bollywood) é uma estrela de primeira grandeza na Índia, do tipo que nem consigo
imaginar. Cinema é o único entretenimento do país, cuja indústria
cinematográfica produz centenas de filmes por ano. Se você é o mais bem pago e
está nas listas de favoritos de todos, ser chamado de King Khan não é nada
demais.
"Vamô lá, galera! Vamos correr pra comentar esse post!"
Quando o filme terminou e as emoções das cenas finais ainda
estavam na minha cabeça, pensei que este filme poderia ser facilmente refeito
no Brasil, mas com futebol feminino. As dificuldades com patrocínio, o
preconceito, a falta de apoio e a falta de compreensão estariam todas ali, sem
precisar trocar nem os diálogos. A realidade desse filme não é uma ficção para
nós, infelizmente. Quem sabe se um “Vai! Brasil!” não poderia ter por aqui um
efeito parecido com o que aconteceu na Índia, com uma explosão do hockey entre
as meninas. Seria a glória ver um time de jovens atletas influenciadas pelo
filme arrasando nas próximas olimpíadas.
Cotação do Blog:
3 comentários:
Tabby, estou com o filme no meu HD. Questão de honra assisti-lo depois de sua resenha. Amei, amei! Vamos ver se eu choro no final. :D
Aliás, falando em situações semelhantes, já assistiu Princess Nine? É sobre garotas japonesas que querem jogar baseball e chegar ao Koshien. Eu amo esta série e tem umas cenas assim anime bem "old style" (*a série faz homenagem à Ace Wo Nerae e outros*) que são de arrepiar... O último capítulo é um pouco brochante, mas não tira o brilho da coisa.
Oi Valéria! Que bom que gostou da minha resenha! O filme é muito legal mesmo, mas eu não chorei no final. Mas eu também não derramei uma lágrima com Titanic, enquanto as pessoas saíam desidratadas do cinema... XD
Não conhecia Princess Nine, mas vou procurar, parece bem bacana! Valeu!
Muito, muito legal mesmo esse post. Acho que nada no mundo tem o mesmo poder de união que o esporte. A gente pode aprender as lições mais importantes da vida praticando uma atividade esportiva. Principalmente em grupo. Não sou atleta, longe disso. Mas procuro observar. Um esportista acaba desenvolvendo, nem que seja na marra, valores como paciência, humildade, coragem e tolerância de forma muito mais intensa do que podemos imaginar. Ele precisa disso para vencer. E nós tb, claro.
Recomendo o documentário "Once Brothers", da ESPN, que conta uma história real e emocionante muito parecida com a do técnico do filme. : )
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