Olá amiguinhos!
Fiquei sabendo que um ator que gosto muito (não vivo só de Tom Hardy, viu!), Javier Bardem, vai participar do novo filme do 007. Confesso que senti um frio na espinha. Primeiro porque Javier deve ser um vilão, e como todos os vilões dos filmes do Bond, vai ser derrotado de maneira meio estúpida. Segundo que eu não curto muito os filmes do Bond, James Bond e não queria ver o Javier (muita intimidade com os astros espanhóis) numa franquia que acho machista. Isso mesmo, machista!
Será que o Bond vai poder com esse borogodó espanhol? UIA!
Não creio que sou daquelas que vê machismo até no reflexo de uma poça, mas sempre me incomodaram certas coisas nesses filmes. Como não sou o Rubens Evald Filho, que viu todos os filmes do clube de vídeo das múmias paralíticas, vou me concentrar nos da época do Sean Connery e os mais recentes, do Pierce Brosnan e do Daniel Craig. Aqueles filmes do Roger Moore, francamente, querido, eu não ligo a mínima (by Rhett Butler)!
Segundo o (Charles)Wikipédia, o personagem James Bond foi criado em 1953. Vamos combinar que nessa época as mulheres ainda não tinham praticamente voz ou expressão. Foi só na década seguinte, nos explosivos amos 60, que a revolução feminina tomou as ruas. Exigimos o direito ao nosso corpo, à nossa voz, à nossa sexualidade e ao trabalho longe do fogão. Demorou bastante (e ainda está longe do ideal), mas hoje nós deixamos de ser apenas os objetos do desejo e satisfação erótica dos heróis dos filmes. Você se lembra daquelas películas dos anos 80, que as mulheres, além de serem lindas, gostosas e terem péssimos figurinos e penteados, só sabiam gritar? Pois é, hoje isso não é mais tão aceitável como já foi um dia. Numa época pós-Trinity, pós-Angelina Jolie, pós-RIPLEY, não dá mais pra concordar com mulheres apenas como figuração seminua do filme. Mas a série de filmes de James Bond continua com a mesma cabeça de 1953... Pode isso, Arnaldo?
Essas eram as gatas da época em que o Bond foi criado... será que nada mudou?
Vamos lembrar, no melhor estilo Tia Loló, como são os filmes do 007? Todo filme tem 2 Bond girls, certo? Ambas cairão no charme de James Bond (mesmo se o ator que o interpreta já tá meio idoso para o papel). Uma delas vai morrer. Seja ela vilã ou não, apenas uma mulher adúltera (que para alguns homens é pior que vilã) que foi seduzida por Bond. E ele será a razão da morte dela. A que sobreviveu, ficará com o agente no final e muito provavelmente estará na cena final, com direito a insinuação de sexo. Se você viu algum filme de Bond e nada disso aconteceu, com certeza você alugou (baixou) algum outro agente secreto, meu bem.
No filme mais recente do Bond, Cassino Royale, que por sinal é um filme muito bom e bem feito, tem uma das cenas mais machistas de toda a franquia. A personagem Vesper Lynd, vítima de uma chantagem, trai James. Mas apaixonada, ela se mata. Quê? ELA SE MATA!! Olha eu já vi heroína se matar por amor, por depressão, pra encontrar o amado no além, o diabo, mas como aceitar uma mulher que se mata por vergonha de ter traído o homem que ama? Sendo que a pobre era uma vítima também! “Mas Tabby, sua feminista intransigente, se ela não morresse, não teria todo o drama final do filme, o Bond não seria um sujeito com o coração partido!”. Sinceramente? Vai-te-a-merda! Ela poderia ter levado um tiro de um inimigo, podia ter levado uma pedrada na cabeça, ou simplesmente ter dado um passa-fora no Sr. Bond e ter seguido com a vida dela! Mas qual destino merece uma fêmea que trai seu macho-alfa por causa de outro macho? Uma passagem só de ida para o vale dos suicidas! Desculpem, mas é demais pra mim!
Direto da Paraíba, Daniel Craig se saiu bem de Bond ao lado de Eva Green em Cassino Royale.
Essa é a minha bronca com a franquia. Ela ainda tem valores da década de 50 e devem achar que mudar isso é mexer na essência do 007. Mas se o próprio personagem veio se modificando para acompanhar as novas gerações, por que insistir nessa palhaçada? Por que não criar Bond girls mais inteligentes e com melhor participação na trama? Isso vai contra a essência de 007? Qual essência? A machista? Cada Bond representou uma geração, tinha novas tecnologias e até a personalidade dele se adaptou. Acho o personagem legal, essa nova versão do Craig é bem bacana. Mas as mulheres continuam no mesmo papel imbecil de antes. Serem lindas, morrerem com classe (uma coberta de ouro e outra óleo, que lindo) e ponto.
“Você não entende os filmes do Bond porque é mulher! Filme de ação é coisa de homem!!”. Isso é muito ridículo, claro que gosto de filmes de ação! Muitas mulheres gostam, assim como muitos homens gostam de romances. Gosto de muito tiro, explosão, corre-corre, se tiver roteiro, melhor ainda! Divertia-me horrores com aqueles filmes clássicos de ação da década de 80, como Duro de Matar e Comando. Queria muito poder aproveitar os filmes do agente britânico, mas é complicado. Esse último então, Quantum of Solace, precisava nem ter existido de tão péssimo. E não digo isso por questões de gênero, o filme é uma bosta mesmo!
"Não curti esse blog de merda! Olha que te dou um tiro, piranha!"
Uma vez li que o diretor James Cameron se recusava a dirigir Bonds por ser uma série machista. Amigos, pensem comigo: esse sujeito é que nos deu a Rose de Titanic, a Sarah Connor de Exterminador do Futuro e que colocou a Ripley em um MECHA! Precisa dizer mais alguma coisa? Não estou pedindo muito não, só que ao invés de encher a abertura de silhuetas de mulheres, realmente coloquem alguma mulher para ser mais do que a “gostosa que vive ou a que morre”.
Para que os fãs de 007 não saiam tristes desse blog, a franquia nos deu muitas coisas boas sim, talvez a melhor seja essa: