sexta-feira, 22 de abril de 2011

Crítica: Pika Ichi

Suzuki Hanako e Suzuki Tarou são dois estudantes invisíveis. Em sua escola, a prestigiada Aidane, eles são como fantasmas, ninguém os vê, ninguém percebe sua existência. Mas os Suzuki não são assim tão comuns. Curiosamente, sem terem real ideia disto, compartilham o mesmo amor por filmes de yakuza, com personagens fortes e lições de moral e ética. Justamente por isso entraram na escola Aidane: o lema da escola se parece com os rígidos códigos de conduta da yakuza dos filmes. Mas há algo de podre nesta escola tão famosa. Os alunos que pertencem à elite acadêmica, com as melhores notas, perseguem os alunos com as notas mais baixas e usando de violência e humilhação, conseguem expulsá-los do colégio. Quando Hanako e Tarou presenciam a humilhação de um colega, resolvem sair do anonimato e usando da mesma coragem dos personagens dos filmes, enfrentam os agressores. No dia seguinte, os Suzukis chegam mudados à escola. Uma nova era de justiça vai começar.

Este é um resumo do que acontece no primeiro capítulo do mangá Pika Ichi, de autoria das irmãs Youko Maki e Aki Mochida. O mangá estreou na revista ARIA, da editora Kodansha em 2010. Recentemente teve seu primeiro volume compilado.

Quando comecei a ler esse mangá, fiquei muito entusiasmada. Gosto muito da Youko Maki e embora nunca tenha lido nada da Aki Mochida, a ideia de duas irmãs trabalhando juntas me soava incrível (minha irmã e eu desenhamos estilos opostos, nunca poderemos ser como elas T__T). O capítulo inicial introduz muito bem os personagens, tudo acontece de forma dinâmica, divertida e é impossível não torcer pela dupla Suzuki. No final do capítulo, com a chegada triunfal dos heróis à escola, tive a certeza que esse mangá iria me agradar. Bem, não posso dizer que acertei na mosca. Ao longo dos capítulos seguintes a história começou a perder força. Os novos personagens não prejudicaram, mas também não ajudaram. A personagem Ibuki Mamoru por exemplo, ainda não disse a que veio.

Acho que eu fiquei meio aborrecida com os rumos da história porque criei grande expectativa com ela. Achei a ideia inicial fantástica: dois alunos inexpressivos, fãs de filmes de yakuza, aplicam os métodos e ética moral numa escola cheia de bullies. Seria um shoujo mangá com coisa de shounen sim, por que não? Eu amo shoujo e não posso me considerar uma entusiasta do shounen, mas também sei reconhecer que muitas coisas boas e divertidas podem ser encontradas num mangá para garotos(quem dera se os fãs de shounen pensasem assim como eu). Mas tudo isso acontecendo dentro do nosso estilo querido. A história podia render mais, eu penso assim. Minha sensação ao longo dos capítulos era ver uma ferrari andando a 60km/h, ou seja muito longe do seu real potencial. Pra se ter uma ideia, logo no primeiro volume os Suzuki encontram o "líder" do colégio, algo que poderia ser segurado um pouco mais pra frente. O embate deles foi meio brochante, não vou mentir pra vocês.

Será que as autoras queriam fugir do clichê e eu não entendi? Pode ser, mas não empolgou. Pelo menos não a mim e nem as audiências japonesas, uma vez que Pika Ichi não figurou entre os mais vendidos de nenhum ranking por aí. Talvez a história tenha vendido um peixe errado pra mim. Eu apostei em uma aventura e não era essa a proposta. Não defendo aqui uma aventura estilo "espetinho shounen", enfrentando os alunos maus um por um até chegar no topo. Nada disso! Mas essa é a única maneira de fazer? A ideia poderia ter mais suspense, a escola Aidane poderia ser mais assustadora, proporcionar situações de tirar o fôlego, com mais tensão e perigo. Olha eu aqui viajando...

Sobre a arte, não há o que dizer. Fantástica! Eu sempre fui fã da Youko Maki como desenhista, sempre se destacou na Ribon, assim como a Arina Tanemura, que por mais copiada que seja, é impossível confundí-la. Não sei como se dá o processo entre as irmãs, mas acredito que elas desenham a 4 mãos. O traço de Aki Mochida sempre lembrou o da irmã mais velha e não duvido que elas possam ter se adequando a um desenho em comum. A última série de Youko Maki na Ribon (sem contar o especial pra Ribon Lemon) foi Shouri no Akuma, cujo desenho ainda era bem no estilo que pede a revista, cheio de fofura, com arte-final delicada e muitas retículas (eu tenho e adoro, adoro, adoro). Já em Pika Ichi, o desenho está mais limpo, com bem menos retículas e arte-final mais firme. Essa direrença foi um dos fatores que me levou a imaginar uma história mais próxima aos títulos shounen. De qualquer maneira, o desenho é muito bom mesmo! Além de Pika Ichi, elas fizeram (ou fazem, não sei se ainda está em publicação) Zen Zen para a revista Cookie. Não li nada ainda, mas vou correr atrás pra dar uma olhada.

Vou continuar acompanhando o mangá e ver o que acontece. Nem sempre histórias que fazem sucesso tiveram um início explosivo, as vezes demora mesmo pra engrenar. Torço pra que dê muito certo e que os próximos trabalhos das irmãs sejam ainda melhores.

2 comentários:

Rafi disse...

KKKKK... Eu tentei, Tabby. Juro que tentei me entregar ao shoujo de corpo e alma, mas não rolou. Eu gosto de pancadaria, homens fortes e gente feia. Ou seja, sem chance... XD

Tabby Kink disse...

Ah, tudo bem... fazer o quê? Assim como não posso deixar as flores e as lágrimas de lado, você também deve ser fiel a sua natureza shonesca! XD
Mas vamos trabalhar juntas algum dia, isso é certeza! ^__~